Foto: Pedro Piegas (Diário)
Há anos, a valorização da região histórica que engloba a Gare da Viação Férrea e a Vila Belga é reivindicada, não só por moradores do entorno, mas pela comunidade de Santa Maria. Nos últimos tempos, algumas alternativas surgiram, como o Feirão da Gare, o Brique da Vila Belga, a realização de shows, a mudança da sede da Guarda Municipal para a Rua Sete de Setembro, com fundos para os trilhos, e o Mercado Público, que completou um ano. Entretanto, o local ainda apresenta problemas estruturais e não teria atraído grande público, segundo a prefeitura. O feirão, por exemplo, que era na Praça dos Bombeiros antes de se mudar para lá, retornou ao antigo espaço por pedidos dos próprios produtores, que não tinham retorno financeiro.
MANUTENÇÃO
Patrimônio histórico municipal, estadual e nacional, a Gare foi concedida pela União para a prefeitura. No entanto, foi deixada ao município em más condições de conservação e somente com autorização para realizar eventos sem fins lucrativos. Com poucos recursos, o Executivo afirma que não tem condições de manter o local e que seriam necessárias ações que trouxessem retorno financeiro. Dessa forma, foi feito um pedido de autorização para a ampliação das atividades econômicas. Isso quer dizer que, em breve, será possível promover eventos comerciais, e não somente culturais, como é atualmente.
- Nós pedimos à União a mudança para ter resultados financeiros que garantam a sustentabilidade. Ou seja, não é para gerar um lucro, mas para garantir a manutenção do local - explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Ewerton Falk.
Conforme o secretário, agora a prefeitura só aguarda o documento com a autorização. Depois que toda a parte burocrática estiver pronta, será feita uma licitação para passar a gestão da Gare à iniciativa privada. Na licitação, será solicitado um projeto que contemple alguns pedidos do município, como um palco permanente para eventos, e espaços para atividades que movimentem a inovação e tecnologia. Caso a documentação fique pronta em julho, a prefeitura pretende lançar o edital em até 60 dias para a definição da empresa gestora. Já para 2020, ficaria apenas a execução do projeto.
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REFORMA
Nos prédios da estação, telhado, forro, pintura e estrutura elétrica precisam ser reformados e, boa parte, reconstruídos, informa Falk. Já as paredes estão em bom estado. Ainda segundo o secretário, imagina-se que a reforma deva custar, pelo menos, R$ 700 mil.
Por enquanto, os moradores do entorno da Gare vivem um momento de dilema entre o abandono e a busca pela revitalização. Entre as dificuldades, era relatada a insegurança da região. Por conta disso, Falk diz que a transferência da sede da Guarda Municipal para a Rua Sete de Setembro não foi por acaso. A presidente da Associação dos Moradores Ferroviários, Myrna Floresta, avalia a situação:
- Ainda tem que melhorar. Mas ao mesmo tempo ficamos felizes com os empreendimentos que estão crescendo na Vila Belga, por exemplo. Acho que se houver investimento, toda a região vai valorizar.
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PARA O FUTURO
Na sexta-feira, um encontro entre empresários, moradores da Vila Belga, Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism) e estudantes da Universidade Franciscana (UFN) reuniu ideias para um plano de revitalização do chamado "Centro Histórico" de Santa Maria.
- Se nós não conseguirmos levar, ali, algo que dê o respaldo para que possamos preservar esse belíssimo patrimônio, infelizmente em pouco tempo voltaremos ao status atual, que é de abandono - ressalta o presidente da Cacism, Rodrigo Décimo.
VAGÕES E LOCOMOTIVAS SEGUEM FORA DOS TRILHOS
Apesar das perspectivas positivas sobre o futuro da Gare, a concessão à iniciativa privada vale apenas para os prédios da estação e da antiga associação dos ferroviários. Desse modo, ainda não está definido o que será feito com a locomotiva e os vagões históricos.
- Por questões técnicas, optamos por resolver o mais difícil que é a parte da edificação. Depois, vamos resolver esse processo, mas será mais rápido, pois vamos reivindicar que queremos as máquinas da mesma forma que os prédios. Não tem como eu conseguir fazer um passeio, que é o que todo mundo quer, por exemplo, sem ter remuneração para custear isso - explica o secretário Falk.
Estacionados na estação, os vagões sofrem com a ação do tempo e do vandalismo. Estão pichados, com estrutura deteriorada e precisariam de uma restauração.